Fabio Akita Report

Às vezes filosofando, às vezes sendo pragmático. Por vezes duro e severo, outras mais diplomático. Eventualmente vendendo, eventualmente realizando. Assim é a vida de um consultor em sistemas de informática de grandes empresas. De esquina em esquina, ouvimos histórias interessantes. Não sei se são interessantes, mas vou reportá-las, mesmo assim.

quinta-feira, dezembro 28, 2006

Being an atheist is bliss. God bless the atheists.

I just post this reply at Digg. Thought it was worth posting it stand alone here as well:

I am an skeptic inquirer as any good citizen and I don't swallow stuff out of nothing. Fortunately I had a japanese-like education - where I got the good habit of being rational, use logic, being skeptical - although I was born and raised in a strong evangelical country as Brazil, here in Latin America.

I am right now frightened on how fast religion is growing at my country. We already are a 3rd world territory, where education is very contrived, the economics are unstable at best and politicians are totally, completelly corrupted, no exceptions. Worse: they hide behind God's back all the time - the biggest heretics of all time if you ask me. We have stepped down, so low, to the point where an State Governor really defined that creationism should be taught at school Instead of evolution. That's utter nonsense and only aggravates our reality.

People are raised ignorant, without skepticism, they don't criticize politics because they think politicians know better. I am no PhD but fortunately I was raised with encyclopedias, science magazines, science fiction books, educational TV programs (without any Gods). That's the kind of education that leads mankind forward into the future. Inserting folklore into the mainstream education by force is going centuries back again into the Middle Ages, the Dark Ages.

I urge you people to be rational! Not knowing somethings is not embarrassing! Trying to learn what you don't know is bold! But declare that ignorance is the right thing is absurd! Trying to force a folklore-ideology into people that is trying to learn is violence. It is the same thing as rape. Declare yourself ignorant and stop any effort to learn something new, and even avoid it is suicide at best!

Remember some other things: Japanese (and Asians in general) don't rely on Gods, or Bibles that were faxed from Heaven! Of course, we have a few rituals, traditions that goes back more than 2000 years. We simply realize that life is too short, that there is no after life and that the best thing to do is enjoy our short time on Earth by learning everything possible until the last day of our lifes. If I die while reading my last page of knowledge, I will die fulfilled.

Cheers!




Please, in the name of our children: don't pretend you "own" your child as you own a "thing". Children are still too young to make rational decisions and they have to rely on their most basic instincts. And the urge for survival tells them to blindly trust their parents. So, it relies on the fact that the parents are willing to take care of them.

Children don't born christians, muslins or jews, they are made that way by their parents and the surrounding society. If you really are a willingly father or mother, teach them to not blindly believe in anything. Raise them as skeptics. Skepticism doesn't mean total denial of everything. It means: be evolved.

Most recommended: make them watch Carl Sagan's Cosmos series over and over. Make them awe by the sheer complexity and beauty of the nature and the cosmos. Make them understand and respect their environment. That's evolution.

segunda-feira, outubro 09, 2006

Alckmin VS Lula = Kennedy VS Nixon

Estamos sempre atrasados, 30 anos atrás um debate televisivo daria o tom da eleição de John Kennedy. Hoje, vimos na Band a mesma coisa: um Alckmin culto, preparado, altamente incisivo (como se esparava dele desde o início da campanha) e vimos um Lula pior do que Nixon: com o mesmo peso de um "Watergate", vermelho, visivelmente irritado, nervoso e despreparado, sem saber onde colocar as mãos, quase derrubando seu copo d`água.

Ver o Alckmin, formado, médico, com um currículo político que o Lula nem sonha ter, batendo sem dó nem piedade em seu oponente NÃO TEM PREÇO. Lula, na sua arrogância, na sua falta de raciocínio (seus neurônios só sabem pensar no "jeitinho"), ficou acuado, sem respostas, saboneteou o tempo todo. Resolveu mencionar o que sua mãe dizia, comparar corinthiano versus palmeirense, típicas retóricas de quem NÃO TEM ABSOLUTAMENTE NENHUM ARGUMENTO.

Alckmin é perfeito? Claro que não. O PSDB é perfeito? Menos ainda. Não é esta a questão. O Lula é culpado. SIM. O Lula sabia de tudo. SIM. O Lula puniu alguém? NÃO (me mostrem o Dirceu na cadeia para provar o contrário). O Lula é ignorante? SIM (e apóia a ignorância). O Lula é inteligente? CLARO (rouba como ninguém, mas não é bom para esconder). O Lula sabe enganar o povo? COM CERTEZA (principalmente em não priorizando a educação, a arma mortal contra petistas).

O Lula é retórica e demagogia, representa tudo que existe de mais podre na política. Representa a desmoralização das instituições. Representa uma vergonha nacional, catapultada pelos pobres cidadãos brasileiros que não tiveram educação, não tiveram acesso à informação e, portanto, não tem condições de decisão. Foram todos comprados por Bolsas Família e discursos populistas.

A Veja mostrou hoje, o Brasil se divide em dois: o Norte e Nordeste, redutos de Lula e Sul, Sudeste e Centro-Oeste, redutos de Alckmin. A diferença? É a diferença do Brasil que cresce contra o que está piorando.

domingo, setembro 24, 2006

Domingo são as eleições: lembrem-se do Mainardi

Faz tempo que não escrevo neste blog. Ando muito ocupado com trabalho e nas horas vagas acabo escrevendo no meu outro blog, o Balance on Rails, exclusivamente sobre a tecnologia Ruby on Rails. Mas vez ou outra vem aquela vontade de manifestação. Antigamente seríamos caras-pintadas mas atualmente gritamos na blogosfera. Felizmente a voz da internet tem se intensificado nos últimos anos. Isso é bom, dessa forma posso me manifestar sem sair do conforto da minha casa. Assim como Mainardi faz na sua coluna da Veja.

Para quem não conhece Diogo Mainardi é provavelmente "O" colunista mais polêmico do Brasil. Anti-lulista radical de carteirinha. Segundo ele mesmo, seu hobby é pentelhar o governo. Mais ainda: pentelhar quem apóia o governo, principalmente se forem colegas jornalistas.

Por isso mesmo adoro a Veja. Assino e vejo domingo de manhã sem falta, começando a folhear pela coluna do Mainardi. Uma polêmica que atingiu toda a comunidade de imprensa foi com uma coluna onde ele atacou diretamente diversos nomes como Eliane Catanhêde, Helena Chagas, Franklin Martins. Esse último, reconhecido como herói contra a ditadura e ex-jornalista da Rede Globo.

"Ex" porque depois das polêmicas de Mainardi, seu contrato não foi renovado (embora ambos os lados publicamente dizem que não teve nada a ver). Mainardi acusa Franklin de ser macomunado dos petistas, com irmão na Petrobrás e esposa ajudando Mercadante.

Franklin não resolveu levar a briga adiante e fez circular uma carta desafiando Mainardi a encontrar um senador que compactue com suas acusações "se aparecer um, eu deixo de ser jornalista", resumindo. Partindo do princípio que políticos não dizem a verdade a menos que lhes interesse, foi um desafio sem sentido: não dá para provar nada assim. Mas mesmo assim, Mainardi ainda publicou uma tréplica ao desafio acusando Franklin de estar envolvido no episódio onde vazou o extrato bancário do Francenildo, o caseiro do caso Palocci, para a imprensa.

Não importa se Franklin está certo ou errado. Não importa se ele já foi herói no passado. As benfeitorias do passado não eximem da culpa do presente nem do futuro. O ser humano é obrigado a se provar constantemente. Portanto não me venham com "mas no passado ele fez isso e aquilo". Isso e nada é a mesma coisa. Se errou agora, isso apaga tudo que fez de bom antes. O fato é que a imprensa sempre esteve muito macomunado com o PT. Não apenas jornalistas, mas principalmente os pseudo-jornalistas e "artistas". Gilberto Gil que o diga. Tirando publicações explicitamente de direita como a Veja ou o Estado, o resto da imprensa está exatamente como as instituições da nossa nação: em decadência.

Não existe democracia em uma sociedade que não é civilizada. E civilização pressupõe educação. Não importa quem é governo: PRN, PSDB, PT. Para essa geração de políticos existe uma coisa que é máxima: a educação nunca foi prioridade. Desde a queda da ditadura, esse ponto nunca mudou. Uma população sem educação não é civilizada. E sem civilização não existe democracia. Temos uma ditadura travestida de democracia, uma República onde as instituições são tão soberanas quanto sua tabela de preços.

Apenas ficou mais óbvio nesses últimos anos de PT: Roberto Jefferson, mensalão, Delúbio Soares, malas de dinheiro, Genoíno, dinheiro na cueca, Gushiken, mais de um milhão de cartilhas superfaturadas para o partido, Marta, obras superfaturadas, Lulinha e os 5 milhões da Telemar. Agora temos os sanguessugas, Vedoins e caso da IstoÉ e o falso-dossiê. De quem são os 1,7 milhões? Por que será meu bolso está coçando? Outra vez?

E o Lula não sabe de nada, não viu nada, não falou nada, como na história dos três macacos. Mas não vou ofender nossos irmãos símios com comparações de baixo calão. Mas o resultado assombroso e óbvio é observar a falta de civilização de nossa população. Nunca um governo foi tão escancarado como o do PT. Nunca os escândalos foram feitos tão abertamente.

"Contanto que não falte prato de comida em casa, não tem problema". Esse é o pensamento da população. "Se fosse eu, fazia a mesma coisa", pensam outros. "Eles podem, então deixem fazer", murmuram outros. É um inconciente coletivo de consolação, de aceitação da própria situação miserável.

Os votos foram tão bem comprados com coisas simples e caras como o Bolsa Família que as pesquisas nem piscam com esses escândalos todos. Os pobres aposentados do INSS saberiam o que dizer, pena que muitos mal consigam andar nem tenham saúde para se manifestar. É o plano perfeito: os jovens de hoje são completamente desinteressados pelo futuro, principalmente com a quase falência da educação. Os trabalhadores se conformam com dez reais a mais no salário mínimo. As donas de casa agradecem o "abençoado" Bolsa Família. E os pobres velhinhos estão cansados demais para reclamar. E na população em geral todos já aceitaram "o Brasil não foi feito para dar certo".

Por que? Por que nosso promissor mercado calçadista do sul não deu certo? Passou sexta agora no Globo Repórter: 3 mil profissionais especializados do setor se mudaram daqui para a China, para produzir calçados de qualidade pela metade do preço. Os brasileiros que estão na China não querem voltar. Nem eles nem aqueles que estão nos Estados Unidos, no Canadá, em Londres, no Japão. A vida é difícil, dá saudades, algumas regiões são xenófobas, algumas tem suas próprias versões de MST. Mesmo assim todos sabem que não vale a pena voltar para o Brasil.

E talvez tenham todos razão. Uma população conformista é propícia a beneficiar corjas como o PT. Falta ao brasileiro um pouco de Mainardi. Não de agressão pura e simples, mas de agressão direcionada. De sadismo. De ironia. De crítica. Falta ao brasileiro se auto-criticar em vez de apenas sentir pena de si mesmo. Em vez de ficar chorando pelos cantos. Em vez de ser conformista apenas para se sentir vítima, esperando outra pessoa vir lhe socorrer. Falta ao brasileiro saber se socorrer.

E isso não significa o "jeitinho brasileiro". Aliás, é exatamente esse jeitinho que levou os corruptos ao poder máximo da República. Passamos por um Golpe de Estado e ninguém nem percebeu. Quando foi que esses ladrões todos passaram a morar no planalto? É como se o Marcola estivesse dormindo na minha cama junto com minha esposa. É a isso que os brasileiros se conformaram. Graças ao tão orgulhoso "jeitinho". Nem em outros países os brasileiros sabem se comportar. Passou no mesmo Globo Repórter: o primeiro brasileiro em Londres com vergonha dos brasileiros que queimaram o próprio filme "está difícil até abrir conta em banco". Parabéns, continuem falando só de futebol e samba.

E falando em futebol. Todo mundo acha que pode ser melhor que o técnico da seleção. Todo mundo acha que pode ser presidente da República. Todo mundo só acha. Achar eu também acho. Eu acho que eu deveria ser imperador da minha própria dinastia. A diferença é que eu faço. Só que não vejo mais ninguém fazendo. Pobre Fernando Gabeira, deve ser o último dos moicanos em uma terra de ninguém no Congresso Nacional.

As eleições estão aí. O último escândalo dos Vedoin veio bem a calhar, mas o efeito está muito moroso. O Lula caiu pouco nas pesquisas por conta disso. Tem que cair mais. Eu sempre voto nulo. Sei que nenhum político merece meu voto. Sei que deveria estar planejando deixar o país muito rápido, e quem sabe eu faça isso mesmo. Tenho as condições, tenho a civilidade para tal. Mas por alguma razão, deixar um tipo como o Lula, um anafabeto que publicamente desincentiva a educação -- "ler livros é cansativo", que publicamente apóia a corrupção -- "meu querido Delubio", "meu amigo Dirceu", "meu companheiro Palocci", que publicamente apóia o jeitinho -- "meu filho estava apenas querendo subir na vida", que se diz igual aos pobres o oprimidos com uma gorda conta bancária e usando helicóptero da presidência para levar os amiguinhos dos seus filhos para viajar. Um sujeiro como esse deveria merecer apenas minha ignorância, mas no caso do Lula, ele está conseguindo trazer à tona o pior de mim.

Em um país onde o "jeitinho" tomou conta de tudo, ninguém tem autoridade para falar em "ética", muito menos os jornalistas, colunistas, artistas e pseudo-intelectuais S/A. Por isso mesmo, em um país no caos como está é que colunistas da estirpe de Diogo Mainardi são necessários. Se fôssemos como os canadenses, como os londrinos, até mesmo como os chineses, um Mainardi seria dispensável. Mas é exatamente em momentos como os que vivemos que um Mainardi é mais necessário. É ainda mais necessário que se crie um efeito viral: todos devemos ser Mainardis. Temos que, literalmente, aporrinhar o governo e os governantes.

Servidores Públicos, Vereadores, Deputados, Senadores, Presidente. São todos IGUALMENTE servidores públicos. Resumindo: são meus funcionários, são seus funcionários. Eu não devo nada a eles: eles é quem me devem serviço. Eu pago adiantado para isso. Todos pagamos adiantado por um serviço que nunca recebemos. É como pagar R$ 100 adiantados em um restaurante e esperar uma hora por um garçom que não nos atende e ainda cospe na nossa comida. Lula é esse garçom. Jamais contrataria um indivíduo desse.

Os jornalistas tem uma voz porque nós a ouvimos. Também não devemos nada a eles. Eles é quem precisam de nós para terem um emprego. São tão funcionários quanto eu ou você. Não preciso ser fã deles. Aliás, eles não deveriam ter fãs. Nunca vi ninguém fã de um recepcionista -- a não ser se for "A" recepcionista, mas aí estaríamos apenas sendo machistas.

Mainardi acusou Franklin? Parabéns, eu teria feito o mesmo. Mainardi acusou Caio Túlio? Eu faria o mesmo, principalmente por manter o blog de um ladrão do calibre do Dirceu. Se eles se dizem tão ecumêncos assim, cadê o blog do Marcola? "A Veja também está no iG", bla bla. Sim, já ouvimos essa desculpa também. Infelizmente empresas precisam fazer dinheiro para sobreviver. Nem por isso ela demitiu o Mainardi.

Vamos lá, precisamos acordar o Mainardi que existe em cada um de nós. Precisamos nos revoltar. Mas não adianta irmos para as ruas em um dia e depois esquecermos de tudo. Temos que ser chatos, temos que ser mesquinhos, temos que contar os centavos, temos que lotar os e-mails, secretárias eletrônicas, caixas de correios de todos os políticos do Brasil. Sermos perseguidores implacáveis, ao ponto deles quererem deixar o país. "Se não sabe brincar, não desce pro play". Eu sou cobrado pela minha performance profissional. Isso me deixa com mais vontade ainda de ENCHER O SACO dos políticos, porque nenhum deles jamais terá uma fração da minha competência diária.

Vamos lá, as eleições são domingo: lembrem-se do Mainardi!

domingo, julho 02, 2006

Por que o Brasil perdeu a Copa?

Sábado, dia 1 de julho de 2006. O hexa fica adiado por, pelo menos, mais quatro anos.

Por que o Brasil perdeu a Copa? Parreira respondeu a esta pergunta durante a coletiva depois da vergonhosa derrota: "nunca pensamos que poderíamos perder". Qualquer um sabe que todo projeto (a Copa é um projeto, a vitória é uma meta) precisa ser preparado para todos os cenários: o otimista, o pessimista e o meio termo. Precisamos saber o que fazer em cada situação. Quando nos preparamos apenas para o cenário otimista (temos excelentes jogadores, temos tradição de vitória, somos os favoritos) com certeza perdemos.

A seleção brasileira nos deu uma aula de tudo que não devemos fazer: cantar vitória antes do tempo, acreditar que o jogo já está ganho, considerar que todos são piores do que nós, achar que de "algum jeito" vai. Parreira foi extremamente infeliz em tudo, inclusive no que disse após o jogo: como um administrador, um gerente, um técnico, que escreveu livros como "Formando Equipes Vencedoras", não planeja o pior caso? Como assim "nunca pensamos em uma situação onde perderíamos"? Péssimo, de volta à primeira aula de gerência de projetos.

Veja a equipe alemã durante os pênaltis contra a Argentina. O goleiro alemão defendeu todos os pênaltis: eles estudaram cada jogador argentino nos últimos jogos, o goleiro consultou suas anotações antes de cada chute: ele tinha grandes chances de prever onde o jogador chutaria. Isso se chama humildade, isso se chama planejamento, isso se chama dedicação.

Brasileiros tem essa péssima mania de "seja o que Deus quiser". Porém gostam de dizer "Deus é brasileiro". E agora, qual a solução a esse paradoxo? Temos que eliminar estas duas frases de nossa cultura. Precisamos deixar de lado a arrogância "anti-imperialista" e aprender um pouco com quem está ganhando. Estados Unidos, Europa, Ásia. Por que eles são melhores do que nós?

Óbvio: porque eles não levam desaforo para casa. E isso não quer dizer aquela atitude anti-esportiva, ignorante e infantil da Argentina após a derrota contra a Alemanha. Aquilo foi atitude de terceiro mundo. "Não levar desaforo para casa" significa ser humilde, ser esforçado, trabalhar com metas: entender que não devemos olhar para quem é pior com aquela retórica "tudo bem eu estar ruim, tem gente pior que eu então está bom".

Falta a outra atitude "se os outros conseguem, nós também conseguimos". Esse é o primeiro passo. O segundo passo é considerar "o que os melhores do que eu fazem?". O terceiro passo "posso e vou fazer melhor".

Estrelismo é uma doença. Uma vitória isolada não quer dizer nada. Cantar vitória antes do tempo é burrice. O resultado só vem ao fim. Sõ se canta vitória quando ela está efetivamente ganha. Antes disso são os sacrifícios, as noites mal dormidas. Os estudos, o esforço, a dedicação, a disciplina, a força de estudar e trabalhar dia após dia atrás de uma meta grande.

Não existe "merecemos a vitória e por isso vamos vencer". Não existe "merecer". Mérito não é um estado de direito. Mérito é algo que se conquista. A conquista só é válida quanto maior a quantidade e qualidade da disciplina e dedicação. Nenhuma dedicação, significa nenhum mérito. A seleção não teve mérito, desde os primeiros jogos já sabíamos que não merecíamos. Se ganhássemos seria por pura sorte, sem mérito, sem conquista.

Em vez de perder tempo falando mal de argentino (isso é atitude de terceiro mundo), em vez de ficar olhando para quem está pior (e nem tanto assim) deveríamos admirar e respeitar quem é superior e usá-los como exemplo, como meta não só a atingir, como a superar.

Isso é atitude de primeiro mundo.

sexta-feira, junho 16, 2006

2006, precursor de 2007: o ano da virada

Nada dura para sempre. É a natureza dinâmica que torna as coisas interessantes. Dinastias duravam séculos, mas ao fim sempre eram substituídas. Déspotas subiram e desceram. A Guerra que deveria acabar com todas as Guerras deu sequências a outras. Não existe verdade absoluta.

O mundo da tecnologia é particularmente cíclico. Em vez de séculos antes de alguma mudança, em nosso mundo as coisas podem virar do avesso em menos de uma década ou de um ano ao outro.

Veja o Windows Vista. A vedete da Microsoft, em produção há mais de 5 anos não tem conseguido senão frustrar o mercado e os usuários. As revistas, os sites, os blogueiros de plantão, tentam ao máximo, mas não conseguem encontrar nada impressionante para relatar a respeito deste sistema operacional. Nada além dele estar mais lento, mais pesado e com os mesmos bugs.

Steve Jobs retornou à Apple em 1997, em 2001 finalmente conseguiu balançar as estruturas do mercado com o lançamento do Mac OS X. Puma, Cheetah, Jaguar, Panther e Tiger vieram cada vez melhorando ainda mais o sistema. Todos são unânimes em observar que o Windows Vista é uma cópia inacabada do Tiger.

Com o Leopard para ser lançado pouco antes do Vista, com os Mac na nova plataforma Intel Core Duo, é provável que 2007 seja o ano da virada para os Macs, virtualizando o Windows XP apenas temporariamente para compatibilidade antes de todos se renderem ao Mac OS X como a plataforma definitiva tanto para usuários caseiros, corporativo ou hackers.

Mas a Microsoft não está somente perdendo. Na E3 deste ano, a feira mais importante de videogames, estava tudo óbvio: a Sony arrasaria novamente com o Playstation 3, a Microsoft continuaria com seu morno XBox 360 e a Nintendo desapareceria do mapa com seu pobre Revolution.

A dança das cadeiras foi mais violenta: a Nintendo despontou como a maior inovadora em anos com seu Revolution, rebatizado de Wii e seu controle tridimensional. A Microsoft deixou todos com a boca caída com seu Gears of War e outros games impressionantes que finalmente dão o gosto de "nova-geração", como o anúncio de Grand Theft Auto 4 com download de episódios via XBox Live, a bem sucedida rede online para usuário de XBox.

Mas a Sony, decepcionou. Seu console continua com lançamento atrasado. Seu novo controle tridimensional, tentando imitar a Nintendo, é problemática, os jogos não impressionaram e o preço divulgado, um absurdo. US$ 599 e ainda tivemos que ouvir seus executivos dizerem "o preço é até baixo para um console desta qualidade". Quando o sucesso sobe à cabeça é o momento onde começa a queda. Novamente, é possível que 2007 seja o ano da virada.

E no mundo do desenvolvimento de software, outra grande surpresa: Ruby on Rails definitivamente veio encontrar seu lugar. Rails Conference Canada, Chicago, Europe. Jolt Award. OSCON. Dr. Dobbs. Linux Magazine, etc. Rails é o que há de mais quente no desenvolvimento de aplicativos Web 2.0. Enquanto isso o hegemônico Java viu seu JEE 5 ser criticado, seu EJB 3 ser humilhado pelo Hibernate 3, a confusão dos frameworks diluir ainda mais os interesses na plataforma. Toda essa bagunça abriu espaço para Rails mostrar a que veio. 2006 será o ano da conquista e 2007 tem tudo para ser o ano da virada.

Este começo de século não foi grande coisa, à medida que nos aproximamos do fim da primeira década os ciclos começam a se fechar, dando caminho aos próximos. 2007 poderá ser o grande ano.

domingo, maio 21, 2006

Da Vinci Code

Assisti o filme de Ron Howard na estréia, não perderia por nada. O cinema estava lotado, com fila se formando duas horas antes do horário, e isso na sessão da meia noite! O Código Da Vinci é um fenômeno, talvez um dos mais importantes desde a publicação da Bíblia e, mais recentemente, do Senhor dos Anéis.

"Polêmica", esse é o subtítulo do livro. Dan Brown não é nenhum Machado de Assis da literatura, é um escritor descartável, como Sidney Sheldon ou Tom Clancy. Faz boas histórias, mas nenhuma digna de pedestal literário.

A importância do Código Da Vinci não é sua excelência literária, mas sua proposta: criar polêmica, criar questionamento, colocar aqueles que estavam confortáveis de saias curtas. Não importa se o Priorado de Sião é uma farsa, não importa se do lado de Jeus não está Maria Madalena no quadro da Última Ceia de Da Vinci. Isso não importa.

No cinema, com aquela multidão, quando o personagem Leigh Teabing começa explicando tudo a Sophie (e à audiência), me senti assistindo à uma pregação, à um sermão pagão em uma igreja moderna: o cinema. Estávamos assistindo a um sermão moderno, ouvindo "oras, a Bíblia não veio do céu por fax! Foi criado pelo homem!". Quanta verdade! Eu me digo isso desde que era criança: oras, é óbvio que a Bíblia não é mais verossímil do que meus livros de Chapeuzinho Vermelho que tinha quando criança. Lembro até de frases como "oras, você acha que viemos da Cegonha? Ou que Papai Noel existe?". Quando me falaram isso da primeira vez também pensei, "oras, e quem disse que Jesus era como dizia a Bíblia". Conclusão óbvia para qualquer um minimamente letrado, mas que a maioria parece não aceitar por razões impensáveis.

O mérito de Dan Brown é trazer Roma à confusão, fazer o Vaticano ficar embaraçado, expor a Opus Dei. Aliás, esse último me deixou nervoso anos atrás, quando estava na faculdade. Lembro de um colega que me fez o convite "não quer conhecer a Opus Dei? Somos só estudantes, amigos que estudam juntos". Quase lhei dei um chute no traseiro ali na rua mesmo. Nunca mais falei com ele.

Sou ateu confesso. Não preciso de fé em forças sobrenaturais, a fé em mim mesmo é o bastante. Tudo que não compreendo, estudo e procuro compreender. Tudo que ainda não sabem simplesmente não foi descoberto. Não preciso "remendar" meu conhecimento com historinhas da carocinha. A Religião inibe a evolução do conhecimento pois é sempre mais simples acreditar em uma história fantasiosa do que passar pelo método científico da prova acima de tudo.

Como disse antes, não preciso ser partidário de nada. Por isso mesmo odeio partidos políticos, desprezo religiões de qualquer natureza, não dou a mínima para times de futebol e acho ridículo as pessoas perderem tempo discutindo um assunto tão sem importância. Enfim, não gosto de absolutamente nada que não traga progresso.

Em vez de ficarem acreditando que Deus tem fax no céu e perdendo tempo lendo um texto "bíblico" tão fantasioso quanto os três porquinhos, as pessoas deveriam fazer como eu: minha leitura favorita na infância era ler a Enciclopédia. Minha leitura de fim de semana da infância não era o caderno de futebol mas sim o encarte científico e revistas como Super Interessante.
Hoje não preciso de nenhuma explicação "muleta". Stephen Hawking e Albert Einstein são convincentes o suficiente, mas é preciso ter estrutura para entendê-los. 90% da nossa população não tem essa capacidade.

Felizmente escritores populares como Dan Brown trouxeram o assunto da falácia da igreja à tona de maneira que milhões de pessoas possam entender. Portanto, o mérito do livro e do filme não são serem excelências de qualidade, mas sim um sermão e um incentivo aos estudos. Isso vale os honorários deles. Claro, um Lula nunca vai gostar disso, já é difícil para ele até ler a Bíblia.

Este país está perdido

Esta semana foi muito bizarra, para dizer o mínimo. Apesar de ser um blog sobre o mercado de tecnologia, não posso deixar de opinar sobre o assunto do assalto contra São Paulo. Chegamos perto de um estado de sítio.

Não é de hoje que sabemos que o Estado está falido, em todos os sentidos: a Justiça não funciona, a Economia é frágil e instável, a Política é absolutamente formada de corruptos confessos - meliantes e criminosos -, a Segurança praticamente inexiste.

Não importa quem está no poder, a "esquerda" a direita, o fato de um sem noção como Lula (que não tem dedo provavelmente por esperteza: para ganhar dinheiro por invalidez) estar no poder não demonstra nenhum tipo de democracia nem de um merecimento por esforço próprio, apenas que qualquer malandro com bolas pra isso pode chegar onde quiser no Brasil: a terra dos malandros, não a terra da oportunidade. Os brasileiros sabem disso e, pior, orgulham-se do "jeitinho brasileiro", o jeitinho de estorquir, de chantegear, de burlar a lei. O brasileiro é craque no jeitinho, Lula e seus asseclas são exemplos clássicos disso.

Sou leitor da VEJA, sim, aquela revista que os petistas chamam de reacionária, de mentirosa. Não sou, porém, fã incondicional dela. Não torço pela revista, apenas gosto do fato de alguém de peso cutucar o governo com ela faz. A Rede Globo deveria fazer isso, mas pelo jeito também é vendida, como a Carta Capital. Lula é tão otário que sai gritando bobagens contra a revista e afirmando que nem leu a matéria que está criticando. É, no mínimo, vergonhoso ser cidadão de uma país governado por um analfabeto.

Colocar a culpa da confusão na cidade aos paulistanos, à "burguesia" é uma desculpa típica para angariar apoio dos "populares", miseráveis que o governo criou e mantém como pobres. Sempre é interessante ao governo ter a maioria funcionalmente analfabeta pois assim eles se tornam imunes a reportagens "complicadas" como as da VEJA. Duvido que a população, mesmo aquela que não é oficialmente analfabeta, saiba interligar os diversos fatos publicados acerca da corrupção. O governo e os petistas sabem que o público só precisa saber ouvir retórica e slogans simples. Ou alguém acha que o baixo investimento em educação é coincidência.

Fosse esse um país decente, com população decente, um escândalo como o Valerioduto já era motivo suficiente para pedir a decapitação do presidente em praça pública. Somada à confusão da semana passada, seria suficiente para mandar alguns caças derrubarem algumas toneladas de napalm nas cadeias do país e uma bem em cima da Granja do Torto (aliás, nome adequado a seus frequentadores).

Políticos corruptos deveriam merecer tortura e pena de morte. Bandidos e líderes de quadrilhas criminosas merecem tratamento igual. Crimes de corrupção, de tráfico de drogas, de estupro, de sequestro estão todos na exata mesma categoria e deveriam ter o exato mesmo tratamento: morte em praça pública para, no mínimo, entreter suas vítimas: nós. Eu particularmente me sentiria bem em jogar uma pedra na testa destes meliantes. José Dirceu, Lula, Marcola, Daniel Dantas, Fernandinho Beira Mar, todos da exata mesma categoria, sem tirar nem por: criminosos.

E lugar de criminoso não é na cadeia: custa dinheiro, que cidadãos como eu e você pagam na forma dos "impostos", a maior forma de extorsão e assalto aos bolsos de quem realmente trabalha. Lugar de criminoso é sete palmos abaixo da terra, servindo - no mínimo - como adubo, se é que carne podre serve pra isso.

Mas, claro, a população não entende o que acontece e não sabe reivindicar. Os Direitos Humanos aparecem somente quando lhes convém, como bons moços. Criminosos como esses devem ter os seus Direitos Humanos sumariamente revogados pois podem facilmente ser desconsiderados da categoria humana. Eu me sinto envergonhado de ser considerado um Homo Sapiens na mesma categoria. Não, eles não estão na mesma categoria, portanto não precisam dos mesmos direitos.

Não importa que partido é: não sou pefelista, pemedebista ou qualquer "pe" -qualquer-coisa. Sou completamente agnóstico de partido, religião, time de futebol. Não torço para ninguém, torço para mim.

Não tem difereça. Lula é mais um malandro usado como laranja daqueles que são muito mais bem formados do que ele. A população são malandros igualmente culpados. Pagam para serem roubados e ainda agradecem. Petistas estudados, acadêmicos, ditos "intelectuais", que fecham os olhos para isso tudo e ainda apóiam são piores ainda: tem QI suficiente para entender os desdobramentos mas se rendem à devoção religiosa cega. Religião é um atraso de vida mesmo, evita o pensamento e raciocínio livre, deve ser a maior praga da história da humanidade. O próximo nível da evolução humana só deve chegar quando a consciência humana se ver livre da necessidade fisiológica de ter uma "religião". Não precisamos acreditar em nada quando podemos entender e explicar tudo que importa.

Para piorar mais ainda, o governo ainda criou o melhor sistema de compra de votos até agora: o tal Bolsa Família. Praticamente um prato de comida por um voto. Essa retórica de distribuição de renda não existe pois não existe a contra partida: escolas? Nem pensar. Em vez disso vem essas medidas intoleráveis como "cotas raciais", uma das maiores bobagens deste lado da história recente.

O Brasil é um desastre. Até boliviano sabe que os brasileiros são frouxos e se aproveitam disso. Fosse a mesma coisa feita contra os Estados Unidos, na hora seguinte haveria um porta aviões nuclear na costa da Bolívia para começar a "negociar". Aliás, não é só a Bolívia que compreende nossa fraqueza, os Argentinos, os Uruguais, os Estados Unidos, os Chineses, os Indianos, os Russos, todos sabem disso e já tiraram uma casquinha.

E, enquanto isso, nós, a classe média e a alta são vistos como os "culpados", os "anti-republicanos". Nós que estudamos, trabalhamos, conquistamos tudo com suor próprio e ainda somos obrigados a ouvir bobagens de incompetentes, malandros, fracassados. Eles não estão no poder por merecimento, por esforço, estão lá porque são malandros e o brasileiro adora o "jeitinho brasileiro".

Péssimo.

Esse país está perdido pelos próximos 10 ou 20 anos, pelo menos, até acontecer alguma Revolução.

quarta-feira, abril 12, 2006

Livros de Ruby

Essa notícia já é meio velha, de dezembro de 2005, mas dá para dar uma
boa idéia de como o mundo adota rápido novas idéias.

Segundo a O'Reilly, comparado como o mesmo período do ano anterior, os
livros de Java estavam em queda de 4%, os de C# subiram 16%.

Mas a surpresa foi na comparação entre os livros de Python e Ruby. Os
de Python tiveram alta de 20% mas os de Ruby 1.552% (os de Perl caíram
3%).

Cliquem no gráfico abaixo para ler a matéria original.

<a href="http://radar.oreilly.com/archives/2005/12/ruby_book_sales_surpass_python.html"><img
src="http://radar.oreilly.com/archives/ruby.gif" border="0" /></a>

A conclusão parece óbvia: a ascensão do Rails está alavancando o Ruby junto.

Claro, PHP continua sendo a linguagem dinâmica com mais livros
vendidos, mas vem estagnando. Na realidade Rails está roubando
programadores desanimados com as outras plataformas mais do que está
atraindo novos programadores. Portanto Ruby on Rails subir significa o
interesse na outras cair.

quinta-feira, abril 06, 2006

Steve Jobs' personal Conspiracy

Today I confirmed what we -- technology afficionados -- knew since forever: Apple is going to invade the PC shores. It feels like the D-Day.

It´s like watching some JFK-like conspiracy movie. But it´s real life altogether. Steve Jobs has done it again: he blew our minds into pieces.

Let´s rewind back to 1997 a little bit. The prodigal son returns back to Apple after a departure of a decade, expelled from Apple by its former CEO John Scully. Since the late 80´s he´s been trying hard with NeXT but utterly failed to convince the market that the Unix-based NeXT Operating System was what they needed. Pity, it is still one of the best crafted systems ever. But it was not a technical problem, it was a business one: the system was too much ahead of its time.

At that time Apple was struggling with losses after losses and an entire community waiting for innovations that never came to be. With Jobs, the NeXT technology was brought into Apple. A new era begins. The almost bankrupted Apple rebirths to the covers of several Times magazines.

Several candy colored iMacs and Titanium notebooks later, we got to 2001 and the so awaited release of the brand new Apple operating system. A complete departure from the 1984 MacOS aging heritage architecture. They revamped the NeXT OS, brewed several layers of Apple coolness and voilá: Mac OS X 10.0 Cheetah was released.

Back at that days, we already had it figured out: the core of the new OS was a Mach based platform designed from the ground up to be platform agnostic. NeXT started in the old days of the Morotola 68000 processors and after failing there they tried the Intel x86 market, failing again. But with so many effort they realized an efficient platform independent OS.

After Cheetah, Puma, Jaguar, Panther and now Tiger, we got the news at the Apple World Wide Conference of 2005: Steve Jobs tagging along with Intel´s Paul Otellini at the same stage in front of hundreds of Mac Zealots. Heresy! They were confirming the rumors: yes, the Mac OS has been living a double life, since its inception. Every new release of the system already was Intel compatible, since 2001.

Amazing! Jobs called it the "in case scenario". What a strategy. They justified the switch from the award winning IBM PowerPC processors because of their less aggressive roadmap ahead for the platform. So Apple chose the better "performance-per-watt" Intel Core Duo system. People scratched their heads in disbelief.

Today Apple is already successful with their new lines of iMacs, MacBook Pros and MacMinis, all of them powered by Intel Core and running "Universal Binaries". Newbies probably never heard of NeXT sollutions for platform independency called "Fat Binaries" (Linux guys should learn that one). Every application is an encapsulated container that packages the binaries for every desired processor: PowerPC G4, G5, Intel Core. So, as a developer, I need to deploy only a single package to the market. The end-user doesn´t even have to go on the trouble of choosing the right package: he downloads a installs one and the OS figures out which binary within to run. Elegant and amazing sollution that Linux people still didn´t fully realize.


Good. Now we have an environment of old PowerPC based Macs living together in harmony with the newest Intel based systems, all of them running Universal Binaries. But the community is restless. So, now we all have Intel based processors within our machines, running along side with generic NVidia and ATI graphics card, standard SATA HDs, PCI slots, and so on and so forth. So much like an ordinary PC.

Why can´t we install Windows XP then? We actually can: the OSX86 already made a hack a few days ago that proved just that. But they still have a problem: installing a bare bones OS is easy, lifting it up to its full potential is another. Without proper drivers, the Windows XP installation over Intel based Macs was doomed to be not more than a curiosity.

April, 1st 2006, Apple celebrates its 30th anniversary.

Fast forward,  April, 4th, Apple announces Boot Camp, beta release. An incredibly easy to use piece of well crafted software that installs a boot loader manager and a bunch of official drivers so you can install and run Windows XP with its full speed!


Astonishing! So we can now understand that all this "less aggressive roadmap of IBM", "performance-per-watt" was business crap for journalists. The real intentions are showing up now: this release would not be possible without an Intel processor. They are going after the PC market in their own game. A bold move.

Now we still have news ahead of us: the next release of Mac OS X 10.5, Leopard, is very promising. Rumors are circulating about two things: the partnership with Parallels to ship its virtualization technology with Leopard. That would mean running Windows on top of Mac OS without the need to dual boot (something like VMWare). Maybe Boot Camp would be just a migration tool for that matter.

The other rumor is that they could possibly restart over the "Yellow box over Windows" project. They would aim for the unimaginable: instead of trying to make Windows software run on top of Mac OS (the open source community are trying just that for years with the Wine project, without considerable success), they would do just the opposite: taking Universal Binaries to a new level, making it run Mac OS applications on top of Windows itself!

So, Yellow Box represents a complete set of Cocoa and even Carbon APIs that maps down to Windows API calls. So a developer would not have to worry about porting and maintaining his application between Mac and Windows: he would fire up XCode on a Mac, click "compile" and voilá: Universal Binaries for PowerPC based Macs, Intel Macs and even generic Intel PCs running Windows XP. And don't forget: Cocoa API is OpenStep API at its core, and this API set has been migrating to Windows for quite some time now. It is far more clever than the Wine approach: instead of aiming for a moving target (the Windows APIs) they would do the other way around.

That plan would probably take 2 more years to be fully realized, and finally close a cycle that started back in the early 90´s, with NeXT foundation. This would bring down the last barrier for all the hordes of PC users that are secretly dying to run a Mac but cannot afford to lose their legacy or Windows-only applications. With Boot Camp now and Leopard going to show up by mid-2007, we can have very high expectations.

Personallly, I think that this sequence of events brings the Linux desktop (not the servers!) efforts down to irrelevancy. Mac OS X is already a Unix-based modern operating system with robust and stable API sets. It is what every Linux distro dreams to be. Ok, it doesn´t run Linux as its kernel, but so what? It already have the support of all major open source projects as Apache, Eclipse, and so on and so forth. At every open source conference we can see hackers coding around using Apple notebooks! It has become "cool" to hack code using Macs nowadays. Every good programmer loves Mac OS X, no question in that.

As a matter of fact it also makes the Windows Vista release utterly irrelevant. We don´t need it: we already have all of its features in Mac OS X Tiger today. We can stop upgrading it and run legacy applications on Windows XP, dual booting on Intel Macs, and wait for the developers to start migrating their source code base into XCode projects so they can recompile them into Universal Binaries. Let´s just hope that the Yellow Box rumor is correct. It would be the biggest news in decades, maybe only comparable to the 1984 original Macintosh release.

Steve Jobs shall surprises us again. And the conspiracy theories goes on.


domingo, fevereiro 05, 2006

Consultores: PJ VS CLT (De novo!)

Não considero que seja um consultor faz muito tempo. Na realidade estou indo apenas para meu quinto ano como pessoa jurídica prestadora de serviços.

Porém, nesta curta jornada, me deparei diversas vezes com o velho dilema do PJ (Pessoa Jurídica) comparado ao CLT (Consolidação das Leis Trabalhistas). Todos querem dar seus “pitacos”. Sou da opinião que não existe uma resposta absoluta, aliás, como todos os grandes dilemas. A única resposta que vejo é: it depends.

Claro, é muito mais fácil dizer "depende" do que argumentar a favor de um lado ou de outro. Veja o lado CLT: trabalho de carteira assinada, com fundo de garantia, previdência, férias pagas de 1 mês, décimo - terceiro salário (e às vezes décimo - quarto, quinto), convênio médico e por aí vai.

Por outro lado veja o PJ: trabalho instável, sem carteira assinada, pode passar períodos sem trabalho, não tem nenhum benefício, convênios, previdência, nem nada. “Óbvio”, pensam os trabalhadores CLT, “é muito melhor trabalhar com carteira assinada”.

Não é bem assim. Digamos que o José seja CLT ganhando $1000. Para ter todos os benefícios e estar em dia com o governo, seu empregador para para o governo praticamente mais $1000. Portanto, o José custa para sua empresa, quase o dobro do que ganha, ou seja, $2000. Fora os cerca de 30% de impostos retidos na fonte. Portanto, o José leva líquido para casa cerca de $666, depois de descontados os impostos. Dos $2000 que seu empregador tem que desembolsar, $1333 vão diretamente para alimentar os gordos e famosos “Caixas 2” dos políticos, para financiar seus objetivos "republicanos".

Por outro lado, um prestador de serviços PJ é, por definição, uma empresa – mesmo que seja de um empregado só. Ele emite nota fiscal e negocia o valor do seu trabalho. Como não se trata de um funcionário próprio, o empregador veste o chapéu de cliente e seu “empregado” na realidade veste o chapéu de fornecedor. É outro cenário, completamente diferente do primeiro. O fornecedor oferece um serviço e tem a responsabilidade de entregar conforme as condições de prazo, custo e escopo negociados. Por sua vez, a única responsabilidade do cliente é pagar as faturas nas datas combinadas. Não há vínculo empregatício, não há nenhum benefício. É um sistema justo de pagamento pelo serviço.

Portanto, não é absurdo um Paulo, cobrar do seu cliente, $1500 pelo mesmo serviço que o José faria por $1000, afinal, o cliente não precisará pagar os absurdos 100% de impostos que a CLT impõe. Além disso, dependendo da razão social da empresa de Paulo, ele pagará em média 12% sobre seu faturamento, dentro das leis de lucro presumido. Portanto, no final do mês, Paulo leva líquido, cerca de $1320.

Ou seja, no segundo cenário, Paulo leva quase o dobro a mais que José e o cliente/empregador economiza praticamente 25% do seu custo. Isso, fazendo as contas bem arredondadas, como diriam, “conta em papel de pão”. Mas fica óbvia a diferença. E num terceiro cenário ainda temos que levar em consideração os famosos “intermediários”, comumente chamados de “Consultorias”. Elas facilitam a entrada do “consultor” dentro do cliente. A essa atividade costumamos chamar de “body-shop”, literalmente a “consultoria” ajuda o seu cliente a montar equipes no mercado de trabalho. Assim, a consultoria emite uma fatura única por um “projeto” ao seu cliente e o consultor emite sua fatura à consultoria. Nesse meio do caminho, a consultoria ganha uma porcentagem pelo seu “overhead”, ou seja, seu “árduo” trabalho de ajudar os consultores a entrar nos clientes.

Concordo: foram muitas aspas dentro de um mesmo parágrafo. Complementando o ar de cinismo, ainda existe aquela velha polêmica velada sobre “vínculo empregatício”, afinal, há os que dizem que sobre um certo conjunto de circunstâncias, na realidade o consultor poderia ser considerado como um empregado e nesse caso o empregador estaria sujeito às leis penais previstas na CLT. Claro, que ninguém leva isso a sério, afinal TODA consultoria de serviços (seja de informática, advocacia, saúde, engenharia, etc) funciona exatamente da mesma maneira. Lembro que no ano passado o governo tentou fechar esse cerco mas como vocês perceberam, nada apareceu nos jornais sobre fechamentos em massa de consultorias. E ninguém viu nem ouviu por um motivo óbvio: porque nada aconteceu.

Agora vou acabar puxando a sardinha para o lado dos PJs (acreditem, irei me retratar). A grande verdade é que a CLT é um entrave importante para o desenvolvimento do país – dentro de outros igualmente graves como a falência da infraestrutura do país, a carga tributária pateticamente elevada e a burocracia mórbida das repartições públicas. A CLT é um conjunto de leis antigas que não se encaixam mais na dinâmica do país.

Uma empresa que já incorre em todas essas dificuldades que mencionei mais diversas outras, ainda ter que pagar $1333 para o governo para um serviço onde seu empregado male-male ganha $666? O que o governo fez para merecer o DOBRO do que o funcionário ganha. Zero, Zip, Nada. Absolutamente nada. É um dinheiro que vai essencialmente para um buraco negro criado por um antro chamado “político”. Afinal, digo e envangelizo: deveria haver no Aurélio, no Michaelis e no Houaiss que a definição única de “político” é rei da procrastinação e consumidor em tempo integral dos recursos públicos para uso essencialmente pessoal, sem absolutamente nenhum interesse em prestar serviço a seus empregadores: a sociedade.

Quais as reais vantagens de se tornar um PJ: se tornar seu próprio chefe, pois de agora em diante é um autônomo. Se um cliente lhe “encher o saco”, você pode, literalmente mandá-lo à merda. Obviamente, sua quantidade de liberdade será diretamente proporcional à sua competência e reputação. Se você for um incompetente, é melhor mesmo continuar sendo um empregado esquecido em algum canto de alguma grande empresa.

Outra coisa é que não temos nenhum benefício empregatício, pelo motivo óbvio de não sermos mais empregados. Porém, podemos negociar um valor bruto muito maior com nosso cliente, já que este não incorre no patético volume de impostos que a CLT manda recolher. Mais ainda, não pagamos mais de 30% de impostos retidos na fonte. Pagamos uns 10% mensalmente de PIS, COFINS, INSS, ISS e parte do IRPJ retido na fonte e trimestralmente IRPJ e CSLL. Se soubermos controlar nosso fluxo de caixa, teremos um lucro líquido muito maior que um CLT.

Obviamente, ser um autônomo só faz sentido para pessoas competentes. Como já disse antes, você negocia seu valor por hora segundo suas credenciais. E não estou me referindo a coisas supérfluas como diploma de pós-graduação ou qualquer outra certificação barata dessas que está na moda. Suas credenciais são diretamente ligadas a seu tempo de experiência e reputação no mercado. Por isso mesmo muitos trabalhadores CLT dizem que a insegurança de ficar desempregado é a maior razão de não abandonarem seus lugares confortáveis como CLT: eles jamais conseguiriam concorrer conosco.

O outro lado da moeda é justamente esse: existem os CLTs que, cansados de ganhar pouco, querem ganhar dinheiro fácil. Resolvem se tornar PJ mas continuam com mentalidade de CLTs. Ou seja, esperam ter os mesmos benefícios, esperam ter férias pagas, esperam receber tudo no dia certo e além de tudo isso ainda esperam ganhar mais.

É óbvio que esses tipos reclamam. Todo bom empresário sabe que clientes nunca pagam nas datas corretas, sabem que contratos não valem nada no Brasil, onde a justiça caminha praticamente para trás, sabem que precisam ter fluxos de caixa bem controlados para não serem pegos de surpresa por algum cliente inadimplente. Ou seja, os pseudo-PJ esquecem que ser “Pessoa Jurídica” é, acima de tudo, ser um empresário. Você se torna uma empresa prestadora de serviços, e espera-se que esse recém-empresário assuma tais responsabilidades.

Portanto, voltando à questão do “it depends”. Se você for razoavelmente empreendedor, souber assumir responsabilidades (e responder por elas!), é realmente competente e está sempre se atualizando, talvez ganhe muito mais sendo um PJ. Porém, se for do tipo que prefere a rotina de receber sempre no dia certo, ter um horário certo, ter atribuições certas, ter férias pagas, décimo – terceiro e mais ainda, é incompetente, não gosta muito de trabalhar e muito menos de se atualizar e seu único objetivo na vida é ser um macaco buscando a promoção do mês sem merecer e ir à praia no carnaval, então esqueça: seu futuro é como CLT mesmo.

Seja um especialista, trabalhe 20 anos na mesma empresa, espere ela quebrar (afinal, você está no Brasil) e depois de desempregado fique surpreso em ver que aquela sua especialidade já não vale mais nada no mercado. Então pegue seu fundo de garantia e abra um pequeno comércio e arrependa-se de nunca ter se instruído e experimentado como micro-empresário. Comece a não fazer contabilidade, a não controlar seus gastos, a tirar dinheiro do caixa da empresa para trocar seu carro. No fim, você estará falido.

Think about it.

segunda-feira, janeiro 30, 2006

Macintosh Rendition

Ok, este seria o momento em que Darth Vader retira o capacete e sai do Lado Negro da Força.

Há muitos anos tenho uma grande apreciação pelos produtos da Apple. Em especial após o retorno de Steve Jobs no fim dos anos 90 e o surgimento do projeto Rhapsody, para trazer o NeXT para o Macintosh.

Acompanhei o Mac OS X Cheetah, todos os seus bugs, o surgimento de tecnologias muito interessante como aceleração total baseado em placa de vídeo com o Quartz Extreme.

Com o advento do Mac OS X 10.4.4 Tiger e do Mac Mini, resolvi que era hora de aposentar meu surrado Athlon XP 2100+.

O Mac Mini é exatamente isso: uma boa desculpa para que "pecezeiros" como eu traiam a Microsoft em prol da Apple. E o Mac Mini é um extraordinário feito de engenharia: imagine um notebook (sem tela, claro) encaixotado num volume que não ultrapassa uma pilha de 5 caixas de CD.

O Mac Mini do final de 2005 é o melhor de sua linha, com processador G4 de 1.5Mhz (não se esqueçam do mito do megahertz), placa ATI Radeon 9200 com saída DVI, SuperDrive 8x, HD de 80GB 5400rpm.

Até agora já fiz o download de pelo menos 14GB de software (hurras ao BitTorrent) e tudo que eu preciso já está instalado e funcionando. iLife'06, iWork'06, Office 2004, etc. O Bits on Wheels está se tornando um excelente substituto ao Azureus, o Safari pra mim está sendo até melhor que o Firefox, o Entourage do Office 2004 é um ótimo substituto de Outlook.

Minha esposa está igualmente feliz. Depois de desajeitadas tentativas de se acostumar com a rotina do Windows XP, ela finalmente conseguiu se encontrar no Mac OS X. Impressionante como agora ficou super simples para ela encontrar músicas no Limewire, tocá-las no iTunes, organizar suas fotos no iPhoto e mesmo navegar pelo Safari. Foi como tentar ensinar uma pessoa com barreiras naturais, a dirigir num carro normal, e quebrar essa barreira colocando-a para dirigir um Mercedes.

No fundo é isso que a Apple representa: a Mercedes do mundo do desktop. O Windows XP é um excelente carro, digamos um excelente Gol. Boa mecânica, razoavelmente resistente, manutenção barata, muitas oficinas disponíveis e até muitos desmanches. Mas nada substitui o prazer de dirigir um belo CLK, por mais caro que isso seja. É a diferença de ter um bom televisor comum de 29" ou uma TV de Plasma de 42". Apple é um Life Style.

E mais, a engenharia da Apple é impressionante. Deixo meu Mini ligado o dia todo e ele simplesmente não esquenta. Mais do que isso: não faz barulho. Zero, zip, nada. Só se percebe que ele está ligado pelo discreto led branco abaixo do slot do SuperDrive. Meu apartamento está super silencioso, e minha esposa agradece. Muito diferente da minha antiga torre com fonte ATX e 3 coolers ultra-barulhentos (principalmente depois de velhos, com poeira acumulada). Era praticamente uma britadeira numa obra.

Aconselho a todos que tenham possibilidade, fazer esse test drive. Não há arrependimentos, garantido.

sexta-feira, janeiro 20, 2006

História da Família de Linguagens C

Este blog é muito bom: http://dotnetmasters.com/HistoryOfCFamily.htm

Tão bom que resolvi perder alguns minutos para traduzir. O tom é irônico mas as informações são reais mesmo.

1972 - O precursor do C, a linguagem B, é desenvolvida na Bell Labs. A linguagem B é rápida, fácil de dar manutenção, e útil para todos os tipos de desenvolvimento, de sistemas a aplicações. A equipe toda que projetou a linguagem é imediatamente despedida por comportamento inadequado para um empregado de uma companhia telefônica, e o projeto é repassado para Dennis Ritchie. Ele altera a linguagem para ser incompreensível, difícil de dar manutenção e útil somente para desenvolvimento de sistemas. Ele também desenha um sistema de ponteiros que garante que todo programa com mais de 500 linhas vai ter um ponteiro para dentro do sistema operacional.

1982 - É descoberto que 97% de todas as chamadas de rotina C estão sujeitas a ataques de buffer overrun. Programadores C percebem que inicializar uma variável para qualquer coisa que aconteça de estar perdido na memória não é necessariamente uma boa idéia. Entretanto, como forçar uma inicialização correta quebraria 97% de todos os programas C em existência, nada é feito a esse respeito.

1984 - O número de maus ponteiros em sistemas operacionais parece ter aumentado dramaticamente.

1985 - Um variante do C com capacidades de orientação a objetos, chamado C with Classes, é finalizado para ser lançado comercialmente. Entretanto, o nome C with Classes é considerado muito limpo e fácil demais para as pessoas entenderem, então a versão comercial é chamada C++.

1986 - C se torna tão popular que analistas da indústria recomendam escrever aplicações de negócio com ela. Eles argumentam que aplicações escritas em C serão portáveis para muitos diferentes sistemas. Muitos desses analistas da indústria são suspeitos de estarem sobre influência de alucinógenos.

1988 - Analistas da indústria finalmente acabam com o LSD. Quando as alucinações acabaram, eles percebem que aplicações de negócio escritas em C demoram 5 vezes mais para produzir e ainda não são portáveis. Eles param de recomendar que sejam escritas em C, exceto por uma minoria que mudou para cocaína crack e começam a recomendar que aplicações de negócio sejam escritas em C++ porque "orientação a objetos vai resultar em reuso de código".

1990 - Por esse tempo, todos os compiladores C se tornaram compiladores de C++. Mas, como a maioria dos programas C++ não usa nenhuma das funcionalidades de orientação a objetos da linguagem, significa na prática que estruturas de código engordadas e ponteiros no sistema operacional agora estavam sendo compiladas com um compilador orientado a objetos.

1990 - Depois de contratar alguns analistas da indústria que migraram do crack para solvente, a Sun decide criar uma nova linguagem chamada Oak para programar caixas de TV (set-top-boxes). Como todos os seus programadores tinham sintaxe C emaranhada em seus DNAs nessa época, a nova linguagem pega muita coisa emprestada da sintaxe de C e C++. Entretanto, set-top-boxes não tem um sistema operacional para onde maus ponteiros apontarem, então, ponteiros são eliminados da linguagem.

1994 - Alguém na Sun finalmente entende que idéia estúpida foi essa de desenvolver uma linguagem especial apenas para set-top-boxes. A linguagem foi rebatizada de Java e reposicionada como uma linguagem de "Internet" que deveria ser portável para muitas plataformas. Isso funciona bem como campanha de marketing, porque menos de 3% das pessoas na indústria na época entendiam o que era Internet, e porque analistas da indústria alucinados continuam sendo idiotas pela idéia mística de "portabilidade para diferentes plataformas".

1995 - a Sun oferece cogumelos psicodélicos gratuitos para analistas da indústria que, imediatamente, começam a escrever artigos sobre como Java é o futuro da programação por causa de sua portabilidade e integração com a Internet.

Meio 1996 - 17.468.972 artigos aparecem sobre como Java é o futuro da programação. A era dos applets Java em páginas web começa.

Fim de 1996 - Programadores tentando produzir páginas web reais com applets que realmente funcionam cometem suicídio em massa por causa da frustração e depressão. Analistas da indústria aumentam sua dose de alucinógenos para compensar.

1997 - Aceitando os conselhos dos analistas da indústria alucinados, a Corel decide reescrever todos os seus aplicativos, incluindo WordPerfect, em Java. O resultado final é o primeiro famoso processador de textos que é mais lento que usar uma máquina de escrever.

1998 - Percebendo que essa coisa de applet estava esvaindo rápido, a Sun reposiciona o Java novamente, desta vez como uma linguagem de servidor. Eles roubam o design do Microsoft Transaction Server e convencem todos que foram eles que criaram o design.

1999 - Java 2 Enterprise Edition é apresentado para revisão de bêbados e viciados analistas da indústria. 21.499.512 artigos são escritos sobre isso, mas ninguém de fato o usa porque ainda é muito imaturo e caro.

2000 - J2EE finalmente funciona, mais ou menos. Bem na hora que os fornecedores de Java estão prontos para começar a fazer dinheiro sobre ele, a Microsoft anuncia o .NET, que inclui quase todas as funcionalidades do J2EE exceto o custo absurdo. De fato, a Microsoft decide dar o .NET de graça para usuários Windows. Scott McNeally ficou tão estupefato que abre um novo processo irracional contra a Microsoft.

.NET inclui um novo membro na família C, C#, pronunciado "C-pound", continuando a tradição de linguagens nessa família com nomes estúpidos.

2001 - O departamento de marketing da Microsoft percebe que nenhum deles já falou com um desenvolvedor de produto Microsoft vivo. Eles almoçam juntos e descobrem que a pronúncia correta deveria ser "C sharp".

2002 - C# é apresentado como parte de uma versão de lançamento do Microsoft .NET. Desenvolvedores C++ da plataforma Microsoft regorjizam sobre o conceito de "código gerenciado" (managed code), que significa que eles finalmente receberiam as mesmas funcionalidades de gerenciamento automático de memória que o Visual Basic tem desde 1991 e Java tem desde 1995.

Copyright © 1996-2006 by Bill S. Hollis, originally posted on dotnetmasters.com 13 January 2006.
Traduzido por Fabio Akita, 20/Janeiro/2006.

História da Família de Linguagens BASIC

Este blog é também muito bom: http://dotnetmasters.com/historyofbasic.htm

Tão bom que resolvi perder alguns minutos para traduzir. O tom é irônico mas as informações são reais mesmo.

1964 - Um par de instrutores da Dartmouth College decide que eles têm um grupo de estudantes preguiçosos demais para aprender FORTRAN. Eles produzem uma nova linguagem com apenas 26 nomes de variáveis, que até um programador preguiçoso poderia lembrar.

1966 - Os criadores do BASIC decidem que isso nunca terá nenhuma aplicação comercial porque estudantes preguiçosos demais para aprenderem FORTRAN não poderiam possivelmente escrever nada de valor. Eles colocam a linguagem para domínio público.

1973 - A linha de computadores PDP da Digital Equipment Corporation (DEC) se tornam tão populares que até pessoas preguiçosas demais para programar em FORTRAN começam a comprá-los. A DEC decide colocar uma versão do BASIC em suas máquinas. Como seria demais esperar que usuários preguiçosos demais para aprender FORTRAN entendam o conceito de "compilação", a linguagem é interpretada em vez de compilada.

1974 - Jogos de Star Trek são 82% de todos os programas escritos em BASIC nos sistemas de compartilhamento de tempo da DEC, e consomem 99% do tempo disponível da CPU. Jogadores aprendem o conceito de loop infinito quando os jogos começam a repetir sem parar "Tentativa de contato. Contato não estabelecido. Tentativa Klingon de estabelecer contato. Contato não estabelecido …".

1975 - O computador pessoal Altair é apresentado. Ele é tão descabido de memória e poder de processamento que apenas um programa muito simples poderia caber nele. Como se sabe, várias versões do BASIC foram portadas para o Altair. O primeiro é chamado TinyBASIC, marcando o fato que programas podem ter apenas 27 linhas de código, no máximo.

1977 - Hobistas entendem como colocar um pouco mais de memória no Altair, então novas versões de BASIC se tornaram necessárias para sugar toda essa memória. Um deles é o primeiro produto de uma nova companhia chamada Microsoft, que começa sua tradição de copiar idéias de outros produtos e vender versões que requerem mais memória.

1979 - A Microsoft produziu versões de interpretadores BASIC para dúzias de sistemas. A maioria desses sistemas não duram o suficiente comercialmente para alguém descobrir se a linguagem funciona ou não, então a Microsoft aprende sua primeira lição no valor questionável de garantia de qualidade.

1981 - A IBM apresenta o PC. O interpretador BASIC da Microsoft é codificada na ROM para todos os IBM PC originais. Um erro ortográfico faz o comando para executar o interpretador se tornar "BASICA".

1983 - A Microsoft produz seu primeiro compilador BASIC para o PC. Eles estão tão embaraçados sobre ele que convencem a IBM a vendê-lo sobre a marca IBM. O IBM Basic Compiler 1.0 é lançado. Eles permitem os programas a ter um tamanho máximo de 64kb, que é espaço suficiente para um completo e funcional jogo de Star Trek ser desenvolvido.

1985 - Vendo o sucesso do Turbo Pascal para PC, a Microsoft continua sua tradição de copiar idéias, e criam um ambiente de desenvolvimento à base de mouse para seu compilador BASIC. A IBM começa a ter segundas intenções sobre estarem sendo associados com sua linguagem BASIC, então a Microsoft tem que colocar seu produto sobre outra marca. Eles o chamam de QuickBASIC. Eles batizam seu primeiro produto de versão 2.0 porque é o sucessor para o IBM Basic Compiler, e também porque eles esqueceram que ninguém mais sabia disso além deles. Programas agora tem um espaço para programa de 64kb e um espaço para dados de 64kb, permitindo os mais impressionantes jogos de Star Trek já escritos.

1987 - A Microsoft apresenta uma versão reempacotada do QuickBASIC chamada de Professional BASIC Compiler. É a primeira vez que as palavras "Professional" e "BASIC" são usadas próximas uma da outra.

1990 - Alan Cooper começa a trabalhar em um ambiente de desenvolvimento onde até mesmo o layout das telas de uma interface gráfica à base de janelas é conduzida por um mouse. É intencional para programadores preguiçosos demais para escrever código produzirem uma interface gráfica. Como sabemos, ele decide que a linguagem usada para o produto deveria ser uma variante do BASIC.

1991 - Baseado no trabalho de Alan Cooper, o Visual Basic 1.0 é apresentado. Programadores podem instalá-lo e imediatamente escrever maravilhosos programas Windows que não fazem nada de útil, porque eles não conseguem chegar a nenhum banco de dados. Entretando, VB 1.0 de fato permite que a primeira versão gráfica de um jogo de Star Trek seja escrito.

1991 - PowerBuilder 1.0 é lançado. Ele supostamente inclui uma linguagem BASIC para desenvolvimento back-end. Como leva dois meses para treinamento e uma varinha de condão para fazer seus produtos produzirem um exemplo de "Hello World", pouquíssimos desenvolvedores conseguem usar a linguagem para fazer qualquer coisa que não seja um acesso simples a dados.

1992 - O Visual Basic 2.0 é apresentado. Ele ainda não permite acesso a banco de dados, entrão programadores de negócios continuam a ignorá-lo em favor do PowerBuilder.

1993 - O Visual Basic 3.0 é apresentado, com a adição de capacidade nativa de chegar a bancos de dados relacionais. O Visual Basic finalmente pode fazer alguma coisa útil.

1994 - O Visual Basic ultrapassa o PowerBuilder como a ferramenta de escolha para programação de dados em Windows. Muitos desenvolvedores PowerBuilder acidentalmente quebram suas varinhas de condão em desgosto.

Desenvolvedores Visual Basic inventam uma nova maneira de desenvolver aplicações que ultrapassa completamente a reunião de requerimentos, baseado no princípio que "se você não se importa de onde está indo, não precisa de um mapa". Eles escutam o usuário por uma hora, fazem alguns drag and drop de telas, então vêem se é o que o usuário quer, e então fazem o mesmo ciclo várias e várias vezes até (1) o usuário finalmente dizer "não é o que quero, mas como estou cheio de trabalhar com você, eu aceito isso", ou (2) o usuário ficar sem dinheiro e o projeto ser abandonado.

1995 - O Visual Basic 4.0 é apresentado. Ele inclui capacidades de objetos, se você definir "capacidades de objetos" como "alguma coisa parecida com capacidades de objetos, mas não exatamente". Essa versão também faz o Visual Basic totalmente dependente de COM, chegando na era de programas "Hello World" que precisam de quatro disquetes para instalar.

1996 - O Visual Basic 5.0 é apresentado. A instalação do "Hello World" aumenta para cinco disquetes.

1998 - O Visual Basic 6.0 é apresentado. Percebendo a importância da Internet, uma nova funcionalidade chamada WebClasses é apresentada. Quanto menos falar sobre isso, melhor.

1999 - O Visual Basic ultrapassa o COBOL como a linguagem com a maior quantidade de linhas de código escritas. Infelizmente, metade desse código nunca é executado porque é sobra de ciclos anteriores de prototipação, mas o programador nunca tem certeza se é sobra mesmo e, portanto, tem medo de removê-la.

1999 - A Microsoft decide fazer do Visual Basic uma linguagem verdadeiramente orientada a objetos. De verdade. Eles falam sério desta vez. Entretanto, uma mudança tão monumental requer que o runtime VB seja totalmente reescrito. Como uma atitude benevolente, a Microsoft permite que outra linguagens também usem o novo runtime VB, que eventualmente é rebatizado como Common Language Runtime, ou CLR.

2000 - A Microsoft publicamente anuncia o Visual Basic.NET. Como um troco para seus programadores internos que têm escrito em C por toda suas vidas, eles também anunciam uma versão do VB.NET que usa sintaxe parecida com C e tem um editor quebrado. Seu nome é C#.

2002 - O Visual Basic.NET é lançado. A funcionalidade favorita dos usuários do VB clássico é que o "Option Explicit" agora está como "On" o tempo todo, da maneira como deveria ter sido 6 versões atrás.

2005 - A Microsoft lança Visual Basic 2005, que contém Wizards para geração de código para um jogo totalmente funcional de Star Trek.

Copyright © 1996-2006 by Bill S. Hollis, originally posted on dotnetmasters.com 13 December 2005.
Traduzido por Fabio Akita, 20/Janeiro/2006.

sábado, dezembro 24, 2005

I am now a believer ... of the Flying Spaghetti Monster

OPEN LETTER TO KANSAS SCHOOL BOARD:

CC:
  • DOVER SCHOOL BOARD (PENNSYLVANIA)
  • OHIO STATE SCHOOL BOARD
  • RIO RANCHO SCHOOL BOARD (NEW MEXICO)
  • GRANTSBURG SCHOOL BOARD (WISCONSIN)
  • COBB COUNTY SCHOOL BOARD(GEORGIA)
  • SHELBY COUNTY SCHOOL BOARD(TENNESSEE)
  • CHARLES COUNTY SCHOOL BOARD(MARYLAND)
  • NAPERVILLE SCHOOL BOARD(ILLINOIS)
  • DARBY SCHOOL BOARD (MONTANA)
  • BLUFFTON-HARRISON SCHOOL BOARD (INDIANA)

I am writing you with much concern after having read of your hearing to decide whether the alternative theory of Intelligent Design should be taught along with the theory of Evolution. I think we can all agree that it is important for students to hear multiple viewpoints so they can choose for themselves the theory that makes the most sense to them. I am concerned, however, that students will only hear one theory of Intelligent Design.

Let us remember that there are multiple theories of Intelligent Design. I and many others around the world are of the strong belief that the universe was created by a Flying Spaghetti Monster. It was He who created all that we see and all that we feel. We feel strongly that the overwhelming scientific evidence pointing towards evolutionary processes is nothing but a coincidence, put in place by Him.

It is for this reason that I'm writing you today, to formally request that this alternative theory be taught in your schools, along with the other two theories. In fact, I will go so far as to say, if you do not agree to do this, we will be forced to proceed with legal action. I'm sure you see where we are coming from. If the Intelligent Design theory is not based on faith, but instead another scientific theory, as is claimed, then you must also allow our theory to be taught, as it is also based on science, not on faith.

Some find that hard to believe, so it may be helpful to tell you a little more about our beliefs. We have evidence that a Flying Spaghetti Monster created the universe. None of us, of course, were around to see it, but we have written accounts of it. We have several lengthy volumes explaining all details of His power. Also, you may be surprised to hear that there are over 10 million of us, and growing. We tend to be very secretive, as many people claim our beliefs are not substantiated by observable evidence. What these people don't understand is that He built the world to make us think the earth is older than it really is. For example, a scientist may perform a carbon-dating process on an artifact. He finds that approximately 75% of the Carbon-14 has decayed by electron emission to Nitrogen-14, and infers that this artifact is approximately 10,000 years old, as the half-life of Carbon-14 appears to be 5,730 years. But what our scientist does not realize is that every time he makes a measurement, the Flying Spaghetti Monster is there changing the results with His Noodly Appendage. We have numerous texts that describe in detail how this can be possible and the reasons why He does this. He is of course invisible and can pass through normal matter with ease.

I'm sure you now realize how important it is that your students are taught this alternate theory. It is absolutely imperative that they realize that observable evidence is at the discretion of a Flying Spaghetti Monster. Furthermore, it is disrespectful to teach our beliefs without wearing His chosen outfit, which of course is full pirate regalia. I cannot stress the importance of this enough, and unfortunately cannot describe in detail why this must be done as I fear this letter is already becoming too long. The concise explanation is that He becomes angry if we don't.

You may be interested to know that global warming, earthquakes, hurricanes, and other natural disasters are a direct effect of the shrinking numbers of Pirates since the 1800s. For your interest, I have included a graph of the approximate number of pirates versus the average global temperature over the last 200 years. As you can see, there is a statistically significant inverse relationship between pirates and global temperature.

In conclusion, thank you for taking the time to hear our views and beliefs. I hope I was able to convey the importance of teaching this theory to your students. We will of course be able to train the teachers in this alternate theory. I am eagerly awaiting your response, and hope dearly that no legal action will need to be taken. I think we can all look forward to the time when these three theories are given equal time in our science classrooms across the country, and eventually the world; One third time for Intelligent Design, one third time for Flying Spaghetti Monsterism, and one third time for logical conjecture based on overwhelming observable evidence.

Sincerely Yours,

Bobby Henderson, concerned citizen.

P.S. I have included an artistic drawing of Him creating a mountain, trees, and a midget. Remember, we are all His creatures.



sexta-feira, dezembro 16, 2005

Zealots: to be or not to be

Não é de hoje que os "zealots" existem. Segundo a Wikipedia (http://en.wikipedia.org/wiki/Zealot), um zealot é uma pessoa que denota zelo em excesso, por uma causa, uma ideologia, ao ponto de se tornar prejudicial aos outros e inclusive à própria causa. São os fanáticos.

Falando especialmente da área de informática, nos nossos dias de Internet, é muito fácil encontrar um zealot. Seja pró-Linux, pró-Java, pró-Mac ou mesmo os anti-Microsoft. Eles são muito úteis à medida que tornam tecnologias reconhecidas, ensinam os outros, divulgam a palavra, ou seja, se tornam evangelistas. O problema é quando o evangelismo salta ao próximo nível: ao de "zealotismo".

Vejamos um exemplo: com o Java foi assim. Quando a Sun o lançou há 10 anos, a plataforma era não mais do que um sandbox para pequenas animações no navegador Netscape. Graças à nova mídia pela internet, mesmo sem grandes campanhas, sem muito marketing, apenas no boca-a-boca, ele se tornou a potência que conhecemos hoje. O que os zealots, e os fãs em geral, não entendem é que tudo segue o mesmo ciclo de vida: nascem, crescem e, eventualmente, morrem. Esse ciclo de vida é particularmente menor se a plataforma não evolui para o lado correto.

Depois de uma década, o Java se extendeu dezenas de vezes, com dezenas de acrônimos que muitos nem se lembram mais: Java2D, J2EE, J2ME, J2SE, JMS, Jini, JavaCard, MIDP, PersonalJava, JCA. Mais ainda, dezenas de extensões vindas do mundo open source como Struts, Tiles, WebWorks, Echo2, Hibernate tornam a plataforma Java como um todo desnecessariamente complexo.

Agora, os zealots vão discordar "quanto mais opções melhor". Mas os fanáticos esquecem que o resto do mundo não compartilha do mesmo entusiasmo e a maioria quer tão somente o necessário para realizar seu trabalho, assim como usar um Visual Basic, que pode ser considerada uma plataforma auto-suficiente (uma única IDE, um único conjunto consistente de funções). "Esses programadores são todos amadores", novamente discordarão os zealots. Porém eles entregam seus projetos no prazo e no custo, sem perder tempo ruminando sobre a "arte" embutida na escolha desse ou daquele framework.

Eu particularmente gostaria de ver a Sun assumindo de uma vez sua criação e criando um pacote único, conciso e robusto, da mesma forma como a Microsoft conseguiu fazer com seu Visual Studio.NET. Porém, isso seria muito ruim pois afastaria os zealots e a comunidade que eles representam, e eles perderiam seus macacos de auditório, que tanto alardeiam o mercado sobrea as maravilhas do software livre. Uma paradoxo e tanto, e imagino que isso deixe irritado os executivos da Sun. Não por acaso é que dizem: "diga-me com quem andas e direis quem és".

Voltando à conversa do ciclo de vida, nós vimos o Java nascer como uma nova plataforma, aberta, flexível e robusta, evoluir como uma amálgama de soluções desconexas e, finalmente, estamos começando a vislumbrar o próximo passo. Bruce Tate, famoso entre os javeiros, já lançou um livro chamado "Beyond Java", que tem se tornado controverso e polêmico já que o autor, famoso evangelista, está sendo herético segundo os zealots: ele está rascunhando a possibilidade da morte do Java.

Bruce Tate é sábio e, novamente, os zealots ignoram a História. Ignoram que História sempre se repete. Ignoram as velhas histórias do Cobol, Basic, dBase, Clipper, Dataflex, Powerbuilder, Delphi. Em seu tempo, cada qual foi um Java, mas atualmente poucos ainda ouvem falar neles. Eu vivi a era de cada uma dessas plataformas e outras tantas. Por isso mesmo, vi o Java em seu berço, antes de seu batismo quando ainda era chamado Oak. Não me surpreenderia se amanhã ele não existisse mais.

Este é o momento em que vejo um zealot tendo um chilique no fundo da platéia: "o Java morrer? Absurdo!".

Nem tanto. Talvez pelo fato de ter vivido tantas micro-eras diferentes me acostumei a aprender coisas novas continuamente. Foi como aprendi a linguagem ABAP/4,  Java, C#.NET, PHP, e tantas outras linguagens, padrões e plataformas e agora mesmo estou aprendendo Ruby. Não é um fato novo.

Porém, muitos dos zealots são garotos. Jovens, inexperientes, entusiastas e desacostumados a frustrações.

Quando começaram a entrar no meu mundo, o Java já existia, já fazia sucesso. Eles não conseguem imaginar um mundo sem Java. Já tive uma época assim também, mas no meu tempo era o Basic.

O que esses garotos precisam aprender é justamente como ser um bom autodidata, auto-suficiente, com aprendizado contínuo e ininterrupto. É extremamente cômodo aprender alguma coisa, se tornar experiente e se encostar nela, tentando ao máximo impedir que ela suma. E mesmo quando ela de fato some, tentar acreditar que isso não aconteceu, fechar os olhos. Porém, a História se repete, tudo acaba um dia ou pelo menos se modifica significativamente. Não estou afirmando que o Java morrerá em breve, mas estou sinalizando que essa possibilidade é real.

Os zealots gritam pelo novo mas continuam com a atitude dos velhos.

Ninguém precisa ficar fazendo cursos e mais cursos para aprender coisas novas, ou pior, só tentar aprender quando a situação chega a tal ponto que só resta isso ou morrer. Aprender deveria ser natural, orgânico, como respirar e comer. É o que faço. Quando aprendi Basic nos idos dos anos 80, ou agora quando estou aprendendo Ruby. Nunca precisei de professores, sala de aula, provas. Tudo que sei de Java hoje, aprendi sozinho. E não só em informática. O que entendo de SAP, por exemplo, também aprendi sozinho. Logicamente, quando digo "não precisei de professores", quero dizer que não preciso do modelo de sala de aula, mas é um fato que sempre dependi muito de grandes amigos, mais experientes, que sempre me ajudaram a aprender coisas que eu não conhecia. Devemos sempre aproveitar a chance de estar em contato com grandes mestres.

Como diria Sócrates, "tudo que sei é que nada sei". E isso é outro fator importante: quando se é ignorante, acha-se que sabe de tudo. Quando nos propomos a aprender, quanto mais novidades entendemos mais compreendemos que falta muito ainda a saber. Comecei falando sobre informática, mas no fundo esse conceito "ser auto-suficiente" vale para qualquer área. Vamos deixar o zealotismo de lado, voltarmos a ser racionais e modificar nossas atitudes para a única coisa que realmente interessa: nossa auto-evolução. Se eu pudesse deixar uma mensagem como legado, é com isso que gostaria de ser lembrado.

Think about it.

quinta-feira, dezembro 08, 2005

Bruna Surfistinha, Blogs e a Nova Geração da Internet

Lembro dos primórdios da internet no Brasil. Nessa época eu era um universitário experimentando a grande rede pelos servidores da USP, no link da Fapesp, um dos poucos backbones existentes. Era 1995.

Os primórdios são saudosos, a primeira versão do Yahoo!, a primeira versão do Netscape, a primeira versão da Amazon. Fora os produtos extintos, como Webcrawler.

Tudo isso me lembra de que a Internet, na sua primeira década, permaneceu primariamente sendo um meio de divulgação de informações. Tanto que os maiores produtos de sucessos foram os browsers (Netscape VS Internet Explorer), os searchers (Yahoo! VS MSN VS Google). Tudo que permitia encontrar conteúdo relevante rápido.

Vendíamos conteúdos, divulgávamos conteúdo, produzíamos conteúdo. Sempre de uma empresa para o público. A CNN ganhou sua versão online. O New York Times ganhou sua versão online. O Estadão ganhou sua versão online. A Folha ganhou sua versão online.

Minha tese é que a primeira geração era primariamente consumidora passiva de informações. Claro, tivemos nossos sites gratuitos como Geocities ou hPG (projeto saudoso da qual fiz parte na sua concepção). Mesmo os comunicadores -- incluindo o e-mail -- sempre tiveram sua grande parcela de usuários. Mesmo assim, eles não eram eficientes e dar voz aos internautas. Os antigos Guestbooks, Fórums também não foram o suficiente para formar verdadeira comunidades.

Finalmente, alguém criou o conceito de Weblogs -- os diários virtuais. Apelidados de BLOG, logo uma nova legião de internautas passaram a relatar seu dia a dia nesses diários, deixando-os publicamente visíveis na internet para quem tivesse o interesse de ler. Mais ainda, depois dos conceitos como Six Apart, o Orkut foi ao ar levando uma nova maneira de se criar e manter comunidades.

Quase ao mesmo tempo, os Reality Shows e suas variantes começaram a fazer sucesso na mídia: Survivor, Big Brother. Eram as pessoas comuns ganhando espaço antes reservado a Celebridades multi-milionárias, fabricadas com cuidado com muito investimento. Os 15 minutos de fama nunca duraram tanto tempo. De repente a antiga elite geradora de conteúdo ganhou concorrência de uma nova elite: os consumidores ativos de informação. Agora a notícia não precisava vir somente dos editores da CNN: qualquer pessoa poderia ecoar suas palavras via Blogs e Comunidades. Os internautas deixaram de ser somente consumidores e passaram a ser seus próprios editores. Uma nova página na Era da Internet deu início.

Finalmente, chego ao assunto deste post: Bruna Surfistinha.

Acho que atualmente é muito difícil encontrar um internauta que nunca tenha ouvido falar nesse nome. Como é uma história muito conhecida, vou resumí-la aos trechos mais importantes. Quem quer toda a história, pode visitar o Blog da Bruna, em http://www.brunasurfistinha.com/blogs.

Raquel, conhecida pelo nome de guerra Bruna, é uma garota de programa (GP). Ou melhor, agora uma ex-GP. Há 3 anos ela entrava no sub-mundo do sexo. Há pelo menos 2 anos eu já havia ouvido falar dela através de outro site muito famoso (pelo menos entre nós, homens internautas), o http://gpguia.net. É um site onde postamos os test-drives (TD) com as GPs e consultamos os rankings para saber quais as melhores GPs disponíveis, as melhores casas e boates. E a Bruna Surfistinha já era uma das melhores -- se não, a melhor.

Sua grande sacada foi criar um blog, um diário onde ela colocaria seus pensamentos, seus medos, alegrias, inseguranças, memórias e, principalmente, seus relatos dos clientes. Ela teve o mérito de humanizar a figura da GP: uma mulher como qualquer outra, cujo trabalho é o sexo.

Seu diário foi tão cativante que, apenas no boca a boca (ou no messenger a messenger, se preferir), seu blog se tornou muito conhecido. É o mesmo princípio de cascata de uma Amway. Mais de 15 mil visitas diárias lotavam seu blog, com leitores (e, surpreendentemente, principalmente leitoras) ávidos pelos relatos de uma garota de programa.

Finalmente, foi descoberta em agosto de 2004 pelo site http://nominimo.com.br. Desde então ganhou a mídia e isso só vem crescendo. Folha de São Paulo, IstoÉ, Época, VIP e tantas outras publicações se dedicaram a contar a história dessa GP que se tornou famosa pela internet. Principalmente nos últimos meses, pois a Bruna havia prometido largar a profissão no dia do seu aniversário de 21 anos, completos no último dia 26 de outubro.

Os leitores e fãs acompanharam os dias finais pelo blog, como se assistindo aos capítulos finais de uma grande novela. E o último capítulo realmente veio, quando Bruna postou a "despedida desse mundinho" em seu blog.

Agora, a parte interessante para nós: alguns dias depois, em 3 de novembro, chegava às livrarias o livro "O Doce Veneno do Escorpião", pela editora Panda (uma das três que disputaram sua publicação). Se isso não é um exímio exemplo de Time-to-Market, não imagino o que mais seja.

Desde então, se tornou uma personagem bastante requisitada pela mídia. Entrevistas em rádios, jornais, revistas, TV. Programas populares como Luciana Gimenes, Gilberto Barros, Pânico na TV, João Gordo, e até mesmo a famosa poltrona do Jô Soares contaram com sua presença.

Bruna Surfistinha é a celebridade mais famosa do momento. A revista VIP entitulou em sua capa "O Mito, a Lenda", sem exageros. O conteúdo de sua história não é particularmente relevante, não se trata da vida de um John Lennon, o importante é entender como a atual geração de internautas e da evolução da internet, tornaram possível que uma GP se tornasse uma das personalidades mais celebradas desse país.

Seu livro vai de vento em popa. Teve sua primeira edição, com tiragem de 10 mil exemplares, esgotada em duas semanas. Na revista Veja ela permanece na lista dos mais vendidos há duas semanas, em terceiro lugar. Sua história já é conhecida por toda América Latina. Já surgiram até propostas para transforma o livro em um longa-metragem! Que tal isso como concorrente dos 2 Filhos de Francisco? Como não gosto dos sertanejos, acho que será uma história mais interessante.

E nesse momento ela está se preparando para embarcar para a Europa. Seu livro será lançado em Portugal e na Espanha. Vejam isso: http://www.clarin.com/diario/2005/12/01/sociedad/s-04201.htm.

O que estamos assistindo, ao vivo, em primeira mão, é o making-of de uma Celebridade. Um produto de marketing criado e consumido por uma geração de internautas, que criam e mantém enormes comunidades em sistemas como Orkut. Uma geração que relata a realidade pelo seu ponto de vista em seus blogs. Bruna Surfistinha é um byproduct do oceano de centenas de milhares de informações inúteis geradas todos dia.

Devemos exaltar tais produtos? Claro que não. Devemos sempre nos manter fora das massas mas é importante não ignorar tais episódios para entendermos os mecanismos que atiçam o interesse das massas. É um novo tipo de produto de consumo descartável -- celebridades instantâneas -- da mesma forma como artistas de novelas, jogadores de futebol e tudo mais que a sociedade adora consumir: moda instantânea, fast-food. Devemos aprender a explorar esse novo tipo de marketing baseado em Reality Show, devemos aprender como controlar tais eventos e como tirar o máximo proveito deles.

Esse é um tipo de patologia social que não é exclusiva de nosso país. Temos que nos manter imunes a isso mas aprender como utilizar de forma comercial.

Think about it.