Fabio Akita Report

Às vezes filosofando, às vezes sendo pragmático. Por vezes duro e severo, outras mais diplomático. Eventualmente vendendo, eventualmente realizando. Assim é a vida de um consultor em sistemas de informática de grandes empresas. De esquina em esquina, ouvimos histórias interessantes. Não sei se são interessantes, mas vou reportá-las, mesmo assim.

domingo, julho 02, 2006

Por que o Brasil perdeu a Copa?

Sábado, dia 1 de julho de 2006. O hexa fica adiado por, pelo menos, mais quatro anos.

Por que o Brasil perdeu a Copa? Parreira respondeu a esta pergunta durante a coletiva depois da vergonhosa derrota: "nunca pensamos que poderíamos perder". Qualquer um sabe que todo projeto (a Copa é um projeto, a vitória é uma meta) precisa ser preparado para todos os cenários: o otimista, o pessimista e o meio termo. Precisamos saber o que fazer em cada situação. Quando nos preparamos apenas para o cenário otimista (temos excelentes jogadores, temos tradição de vitória, somos os favoritos) com certeza perdemos.

A seleção brasileira nos deu uma aula de tudo que não devemos fazer: cantar vitória antes do tempo, acreditar que o jogo já está ganho, considerar que todos são piores do que nós, achar que de "algum jeito" vai. Parreira foi extremamente infeliz em tudo, inclusive no que disse após o jogo: como um administrador, um gerente, um técnico, que escreveu livros como "Formando Equipes Vencedoras", não planeja o pior caso? Como assim "nunca pensamos em uma situação onde perderíamos"? Péssimo, de volta à primeira aula de gerência de projetos.

Veja a equipe alemã durante os pênaltis contra a Argentina. O goleiro alemão defendeu todos os pênaltis: eles estudaram cada jogador argentino nos últimos jogos, o goleiro consultou suas anotações antes de cada chute: ele tinha grandes chances de prever onde o jogador chutaria. Isso se chama humildade, isso se chama planejamento, isso se chama dedicação.

Brasileiros tem essa péssima mania de "seja o que Deus quiser". Porém gostam de dizer "Deus é brasileiro". E agora, qual a solução a esse paradoxo? Temos que eliminar estas duas frases de nossa cultura. Precisamos deixar de lado a arrogância "anti-imperialista" e aprender um pouco com quem está ganhando. Estados Unidos, Europa, Ásia. Por que eles são melhores do que nós?

Óbvio: porque eles não levam desaforo para casa. E isso não quer dizer aquela atitude anti-esportiva, ignorante e infantil da Argentina após a derrota contra a Alemanha. Aquilo foi atitude de terceiro mundo. "Não levar desaforo para casa" significa ser humilde, ser esforçado, trabalhar com metas: entender que não devemos olhar para quem é pior com aquela retórica "tudo bem eu estar ruim, tem gente pior que eu então está bom".

Falta a outra atitude "se os outros conseguem, nós também conseguimos". Esse é o primeiro passo. O segundo passo é considerar "o que os melhores do que eu fazem?". O terceiro passo "posso e vou fazer melhor".

Estrelismo é uma doença. Uma vitória isolada não quer dizer nada. Cantar vitória antes do tempo é burrice. O resultado só vem ao fim. Sõ se canta vitória quando ela está efetivamente ganha. Antes disso são os sacrifícios, as noites mal dormidas. Os estudos, o esforço, a dedicação, a disciplina, a força de estudar e trabalhar dia após dia atrás de uma meta grande.

Não existe "merecemos a vitória e por isso vamos vencer". Não existe "merecer". Mérito não é um estado de direito. Mérito é algo que se conquista. A conquista só é válida quanto maior a quantidade e qualidade da disciplina e dedicação. Nenhuma dedicação, significa nenhum mérito. A seleção não teve mérito, desde os primeiros jogos já sabíamos que não merecíamos. Se ganhássemos seria por pura sorte, sem mérito, sem conquista.

Em vez de perder tempo falando mal de argentino (isso é atitude de terceiro mundo), em vez de ficar olhando para quem está pior (e nem tanto assim) deveríamos admirar e respeitar quem é superior e usá-los como exemplo, como meta não só a atingir, como a superar.

Isso é atitude de primeiro mundo.

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