Fabio Akita Report

Às vezes filosofando, às vezes sendo pragmático. Por vezes duro e severo, outras mais diplomático. Eventualmente vendendo, eventualmente realizando. Assim é a vida de um consultor em sistemas de informática de grandes empresas. De esquina em esquina, ouvimos histórias interessantes. Não sei se são interessantes, mas vou reportá-las, mesmo assim.

domingo, maio 21, 2006

Da Vinci Code

Assisti o filme de Ron Howard na estréia, não perderia por nada. O cinema estava lotado, com fila se formando duas horas antes do horário, e isso na sessão da meia noite! O Código Da Vinci é um fenômeno, talvez um dos mais importantes desde a publicação da Bíblia e, mais recentemente, do Senhor dos Anéis.

"Polêmica", esse é o subtítulo do livro. Dan Brown não é nenhum Machado de Assis da literatura, é um escritor descartável, como Sidney Sheldon ou Tom Clancy. Faz boas histórias, mas nenhuma digna de pedestal literário.

A importância do Código Da Vinci não é sua excelência literária, mas sua proposta: criar polêmica, criar questionamento, colocar aqueles que estavam confortáveis de saias curtas. Não importa se o Priorado de Sião é uma farsa, não importa se do lado de Jeus não está Maria Madalena no quadro da Última Ceia de Da Vinci. Isso não importa.

No cinema, com aquela multidão, quando o personagem Leigh Teabing começa explicando tudo a Sophie (e à audiência), me senti assistindo à uma pregação, à um sermão pagão em uma igreja moderna: o cinema. Estávamos assistindo a um sermão moderno, ouvindo "oras, a Bíblia não veio do céu por fax! Foi criado pelo homem!". Quanta verdade! Eu me digo isso desde que era criança: oras, é óbvio que a Bíblia não é mais verossímil do que meus livros de Chapeuzinho Vermelho que tinha quando criança. Lembro até de frases como "oras, você acha que viemos da Cegonha? Ou que Papai Noel existe?". Quando me falaram isso da primeira vez também pensei, "oras, e quem disse que Jesus era como dizia a Bíblia". Conclusão óbvia para qualquer um minimamente letrado, mas que a maioria parece não aceitar por razões impensáveis.

O mérito de Dan Brown é trazer Roma à confusão, fazer o Vaticano ficar embaraçado, expor a Opus Dei. Aliás, esse último me deixou nervoso anos atrás, quando estava na faculdade. Lembro de um colega que me fez o convite "não quer conhecer a Opus Dei? Somos só estudantes, amigos que estudam juntos". Quase lhei dei um chute no traseiro ali na rua mesmo. Nunca mais falei com ele.

Sou ateu confesso. Não preciso de fé em forças sobrenaturais, a fé em mim mesmo é o bastante. Tudo que não compreendo, estudo e procuro compreender. Tudo que ainda não sabem simplesmente não foi descoberto. Não preciso "remendar" meu conhecimento com historinhas da carocinha. A Religião inibe a evolução do conhecimento pois é sempre mais simples acreditar em uma história fantasiosa do que passar pelo método científico da prova acima de tudo.

Como disse antes, não preciso ser partidário de nada. Por isso mesmo odeio partidos políticos, desprezo religiões de qualquer natureza, não dou a mínima para times de futebol e acho ridículo as pessoas perderem tempo discutindo um assunto tão sem importância. Enfim, não gosto de absolutamente nada que não traga progresso.

Em vez de ficarem acreditando que Deus tem fax no céu e perdendo tempo lendo um texto "bíblico" tão fantasioso quanto os três porquinhos, as pessoas deveriam fazer como eu: minha leitura favorita na infância era ler a Enciclopédia. Minha leitura de fim de semana da infância não era o caderno de futebol mas sim o encarte científico e revistas como Super Interessante.
Hoje não preciso de nenhuma explicação "muleta". Stephen Hawking e Albert Einstein são convincentes o suficiente, mas é preciso ter estrutura para entendê-los. 90% da nossa população não tem essa capacidade.

Felizmente escritores populares como Dan Brown trouxeram o assunto da falácia da igreja à tona de maneira que milhões de pessoas possam entender. Portanto, o mérito do livro e do filme não são serem excelências de qualidade, mas sim um sermão e um incentivo aos estudos. Isso vale os honorários deles. Claro, um Lula nunca vai gostar disso, já é difícil para ele até ler a Bíblia.

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