Fabio Akita Report

Às vezes filosofando, às vezes sendo pragmático. Por vezes duro e severo, outras mais diplomático. Eventualmente vendendo, eventualmente realizando. Assim é a vida de um consultor em sistemas de informática de grandes empresas. De esquina em esquina, ouvimos histórias interessantes. Não sei se são interessantes, mas vou reportá-las, mesmo assim.

sexta-feira, novembro 11, 2005

Os Anti-líderes

É notável a quantidade de e-mails que recebemos todos os dias. Graças ao meu Gmail filtro a grande maioria dos spams que recebo. Aliás, uma boa dica que utilizo é redirecionar todos os meus e-mails para o Gmail. Depois posso fazer download todos de uma vez no meu Outlook, sem perder tempo com os miseráveis spams (morte aos spammers!).

De qualquer forma, diversos amigos me mandam e-mails interessantes. Hoje recebi o seguinte texto (de fonte desconhecida, sorry):

De acordo com o livro Vidas, de Plutarco, mesmo um soldado sem destaque vindo de outro comando, ao fazer parte do exército de Júlio César, mudava até de aspecto. Ele se tornava destemido diante dos perigos e avançava com ímpeto. Por que isto ocorria? Em síntese, o segredo estava no fato de César prezar seus soldados, de reconhecer e de recompensar o mérito de cada um. Com isso, todos se sentiam motivados a agir como força motriz para conquistar a vitória.

Agradecer sincera e profundamente dizendo “muito obrigado” parece ser muito simples. Porém, na prática, não é. O comportamento e as palavras dos líderes influenciam tanto positiva como negativamente uma pessoa. Tudo depende do líder.

Júlio César não poupou esforços para premiar e dar honrarias aos soldados valorosos. Ele os elogiava dizendo: “Graças à bravura de vocês, conseguimos conquistar a vitória.” Ao contrário, há líderes que mesmo observando os esforços de seus companheiros, nunca os elogiam. Pelo contrário, somente os humilham. Se agir dessa forma, ninguém mais terá vontade de atuar pelo sucesso de uma atividade. Elogiar o esforço de uma pessoa serve também para estimular a dedicação e o avanço de outros companheiros.

Ele jamais utilizou riquezas obtidas nas batalhas para o seu próprio proveito. Procurou destiná-las para condecorar seus soldados que trabalhavam ativamente. Assim, os soldados que se juntaram a César conseguiram evidenciar a força além da capacidade e venceram. Conseguiram também lutar com admirável disposição e coragem. Isto porque César se expunha ao risco lutando na linha de frente ao lado deles. Na obra Vidas está descrito tal façanha

“É muito mais saborosa a vitória conquistada com a força intelectual do que com a força física”. Esta é uma famosa frase dita por Júlio César. De fato, mais do que a força física, o importante é a sabedoria. A benevolência e a sabedoria se correspondem.

Apesar do estilo próprio dos livros de auto-ajuda executiva, não sei se o conteúdo é verídico mas concordo com a idéia. Grandes líderes fazem grandes equipes. Existem dezenas de livros discorrendo sobre o tema mas não encontrei nenhuma "receita mágica". Alguém já me disse: "não se forma um líder, já se nasce líder". Apesar dos discursos de "todos nascemos iguais" e outras baboseiras, acredito no contrário: algumas pessoas nascem com muito mais potencial do que outras e, mesmo dentre essas, apenas algumas conseguem juntar conhecimento e consciência suficientes para desfrutar de suas capacidades.

Quem já trabalhou em projetos, principalmente com muitas pessoas, tem plena consciência da importância dos líderes, aqueles que detêm um conhecimento acima dos demais, que dá a cara para bater, que faz as coisas da maneira mais prática, que sabe dividir para conquistar (como diria Napoleão), que não perde tempo com burocracias (que apenas servem para esconder os medíocres). Infelizmente, estes são minoria.

A maioria dos "líderes", no nosso caso materializados sobre a forma de "Gerentes", "Coordenadores", "Diretores" e afins, são o extremo oposto disso: normalmente com conhecimentos ínfimos que dão vergonha à sua equipe; a falta de capacidade de se comunicar e de se socializar; as piadas que só fazem sentido a ela; se escondem atrás daqueles diplominhas descartáveis de pós-graduação e MBAs (papel, para mim, não vale nada). Enfim, poderia escrever livros e livros só listando defeittos. Antes de ganharem tal cargo eles já eram ruins, mas parece que a força desse cargo consegue amplificar seus defeitos.

Conheci uma dita "líder" que era assim: petulante, mesquinha, desmotivante, que no calor de um fim de fase teve a ousadia de se pôr perante todos e gritar absurdos como "eu pago seus salários e eu EXIJO o que paguei" e coisas do tipo, em voz alta, desafiadora, desrespeitosa. Como se ninguém estivesse trabalhasse, desse duro, varasse noites, deixasse de ver suas famílias. E ainda não foi só isso: frente à morte da mãe de uma de nossas companheiras, teve a ousadia de dizer absurdos como "se quiserem demonstrar condolências, só o que vocês tem a fazer é entregar o projeto no prazo". Sensibilidade de um pedaço de rocha.

São pessoas assim que acabam com a moral das pessoas, que desajustam o que já é difícil. Eu não ligo, sou consciente do meu papel: "sou pago para entregar o prometido, não sou pago para ser amistoso ou fazer amigos". Sempre soube que consultores, no fundo, são como prostitutas: "ganhamos por hora, o cliente só dá no nosso c..., e o cafetão (a consultoria) é quem leva a grana". A vida é assim, às vezes temos que dar um passo para trás para dar dois para frente.

Eu não ligo, mas a maioria liga, e é péssimo trabalhar ao lado de uma equipe desmotivada.

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